Uma maneira muito interesante de está trabalhando com os alunos datas comemorativas, como o dia do índio é através da leitura de textos, pois a partir da leitura fica muito mais fácil explorar com os alunos vários assuntos, como por exemplo pesquisar as influências indígenas em nossa cultura, na linguagem, na comida e costumes.
As lendas indígenas são histórias contadas de geração em geração pelos povos originários do Brasil. Elas explicam a origem das coisas da natureza, ensinam valores importantes e mostram o quanto os indígenas respeitam o meio ambiente e tudo que vive nele.
Essas histórias são verdadeiros tesouros da nossa cultura e ajudam as crianças (e adultos!) a conhecer um pouco mais sobre os costumes, crenças e tradições dos povos indígenas. Vamos conhecer algumas das lendas mais conhecidas?
Numa das mais lindas plantas aquáticas do mundo, a Vitória Régia (Euryle Amazônica) tem a folha de formato circular e mede até 1,80m de diâmetro. Parecida a uma bandeja, é bastante resistente e pode agüentar um peso de até 45 quilos. De cor verde na parte virada para cima e interna, e purpúrea na sua borda externa e parte inferior, a Vitória Régia vive em lagos, lagoas e rios de águas tranqüilas. Sua flor de cor branca com o centro rosado, alcança até 30 cms.
A Vitória Régia, com toda a sua beleza e exuberância chama a atenção de quantos a vêem, que ficam verdadeiramente extasiados. E tal aconteceu com o botânico inglês Lindlev que, ao contemplá-la, resolveu homenagear a rainha Vitória, da Inglaterra, e deu à planta o nome da soberana inglesa.
Mas, conforme relata Anísio Melo, nossos índios também não ficaram indiferentes à sua beleza e contam uma linda história para justificar-lhe a origem.
As lagoas e os lagos amazônicos são os espelhos naturais da vaidosa Iaci, a lua. As cunhãs (índias) e as caboclas ao vê-la refletida sentiam toda a inspiração para o amor. Ficavam então no alto das colinas esperando pelo aparecimento da lua, e que com o contato de sua luz lhes chegasse o amor redentor e elas pudessem subir ao céu transformadas em estrelas.
Um belo dia... uma linda cabocla, tomada pelo amor, resolveu que era chegado o momento de transformar-se em estrela. E com este intuito subiu à mais alta colina, esperando poder tocar a lua Iaci e assim concretizar o seu desejo. Mas... ao chegar ao cimo da colina viu a lua Iaci refletida na grande lagoa e pensou que estava a banhar-se... Na ânsia de tocar Iaci para realizar o seu sonho de amor, a bela cabocla lançou-se às águas da lagoa... E ao que pensou tocá-la, afundou, sumindo nas águas...
E a lua Iaci, condoída com o infortúnio de tão bela jovem e não podendo satisfazer seu desejo de levá-la para o céu em forma de estrela, transformou-a na bela estrela das águas, a linda planta aquática que é a Vitória Régia... cuja beleza e perfume são inconfundíveis. Dizem que o local onde o fato aconteceu é o lago Espelho da Lua, situado no município de Faro, na região do Baixo Amazonas Paraense...
Mani era o nome da indiazinha de pele branca como o luar que nasceu para um casal de índios tupis. Era muito mimosa e boazinha, mas nada comia e foi definhando até que morreu, silenciosamente, em sua pequenina rede. Seus pais, compungidos, fizeram seu pequeno túmulo no interior, mesmo, da oca onde moravam. Regada a terra com as lágrimas dos pais desolados e com água pura de uma fonte próxima, eis que uma nova planta germina, rachando a terra com suas grossas raízes. Examinando-as, os índios logo perceberam que, por baixo de uma delgada casca, essas raízes eram brancas como a pele da meninazinha desaparecida e forneciam alimento farto e saudável que tornava os curumins que as comiam mais fortes e belos que os das outras tribos!
Um lindo e bondoso menino da tribo dos Maués é atacado, na mata, por Jurupari, espírito do mal, que, assumido a forma de uma serpente peçonhenta, envenena-o , causando sua morte. Tupã, o deus supremo, vinga-se do mau espírito regando abundantemente com suas chuvas o túmulo do indiozinho, de onde germina uma planta benéfica cujos frutos se assemelham aos grandes olhos da criança desaparecida: o guaraná que, desde então, traz saúde e felicidade à tribo.
Tupã, o maior dos deuses, desejava criar o mundo e os homens... mas era impedido pelo Sol, que amava a Lua com amor tão ardente que queimava tudo à sua volta. Tupã não teve pois outro remédio senão separa-los. A Lua, infeliz, chorou copiosamente. Suas lágrimas, tão doces e abundantes que eram, formaram imensa torrente sobre a Terra, separada das águas do mar, assim nascendo o Amazonas.
Muitas outras lendas como estas relatam a origem da noite, das estrelas, da sucuri ou cobra-grande e outros tantos mistérios da natureza que despertavam a imaginação dos índios. A simples observação dessas curiosas narrativas pode ser suficiente para nos dar conta da atitude do indígena perante a natureza, profundamente diferente daquela que Sioli, muito justificadamente aponta como característica deplorável de nossa cultura européia, basicamente helenística, introduzida na América pelos conquistadores. O índio – tal como a maior parte das culturas orientais tradicionais, como a chinesa – considera-se parte integrante da natureza e não seu proprietário. Se ele mata animais para seu sustento, procede parcimoniosamente, não destruindo mais do que pode comer e, sempre, preservando sua reprodução; se derruba a mata para o plantio de suas roças fá-lo, sempre, em áreas restritas, sem remover os tocos remanescentes do desmatamento, de modo que estes, ainda vivos, rebrotem e cresçam novamente quando, três ou quatro anos depois, essa roça é abandonada à procura de novos locais para implantação da aldeia. Nada é definitivo, nenhuma ação modificadora do meio é irreversível. A terra é considerada sagrada pelo índio não apenas por receber seus mortos, mas principalmente por conservar sua vida.
O Curupira é um ser protetor da floresta, com cabelos vermelhos e os pés virados para trás. Ele confunde caçadores maldosos, deixando pegadas enganosas. Essa lenda nos ensina sobre a importância de proteger a natureza e os animais.
- A Lenda da Cobra Grande (Boitatá)
O Boitatá é uma cobra de fogo que vive nos rios e protege as matas. Ela aparece para assustar aqueles que destroem a floresta ou causam incêndios. É uma das lendas mais antigas do folclore indígena brasileiro.
Por que trabalhar lendas indígenas com as crianças?
As lendas indígenas ajudam a desenvolver:
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🧠 Imaginação e criatividade
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🌍 Respeito à natureza
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🧡 Valorização da diversidade cultural
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📚 Interpretação de texto e produção escrita
Você pode trabalhar essas lendas por meio de dramatizações, ilustrações, recontos, rodas de conversa e até criar versões novas com os alunos!
Dica pedagógica
Depois de contar uma lenda indígena, pergunte:
👉 "O que essa história nos ensina?"
👉 "Você conhece alguma outra lenda?"
👉 "Como seria essa lenda se acontecesse hoje em dia?"
As lendas indígenas são mais do que histórias: são pontes entre o passado e o presente, entre a sabedoria dos povos nativos e o aprendizado das nossas crianças.
Créditos:
Essas e muitas outras lendas estão disponíves no site: